desabafo de uma “ex gorda” EM CONTINUIDADE

O que vês aqui? Eu digo: sou a Teresa “uma ex-gorda em recuperação”. O que é isso? Viver com complexos diários, sobretudo na praia pela exposição. Nunca ir onde possam estar muitas pessoas conhecidas e se por algum motivo estiver sem ir ao WC, ou se tiver bebido álcool no dia anterior e me sentir inchada, invento alguma desculpa para não tirar a roupa ...
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O que vês aqui?

Eu digo: sou a Teresa “uma ex-gorda em recuperação”.

O que é isso? Viver com complexos diários, sobretudo na praia pela exposição. Nunca ir onde possam estar muitas pessoas conhecidas e se por algum motivo estiver sem ir ao WC, ou se tiver bebido álcool no dia anterior e me sentir inchada, invento alguma desculpa para não tirar a roupa.

É morrer de remorsos depois de comer alguma coisa mais gordurosa e passar anos a ir ao ginásio, sem qualquer tipo de noção do que estava a fazer, só para tentar que os exercícios de cardio me salvassem e me entregassem alguma versão de mim que não me envergonhasse. Acho que nunca o fiz por “comparação”, nunca quis ser como X ou Y, só não queria viver num corpo cuja barriga se dobrava em três como se formasse uma boca falante num corpo ambulante.

Sim, isto é exatamente o que sou, “uma gorda em recuperação”, ainda tenho alguns amigos que se lembram de mim dessa fase, acredito eu, não sei é se sabem o quanto esse 1/3 da minha vida me perturbou.

O meu período de gorda foi, sobretudo, até à adolescência e eu até disfarcei os seus fantasmas porque tenho um “humor muito bom e estou sempre bem”, no entanto sempre me perguntei “mas porquê? Será que Deus gostou menos de mim?”.

Não vivo a contar kalorias mas vivo a fugir de pão, massas e derivados. Finjo que passo super bem sem chocolate, perdi totalmente o gosto a comer, quanto mais insípida for a comida mais tranquila fico, e a minha consciência dorme pesada se não atingir os 10.000 passos.

Se tenho estratégias para disfarçar as minhas inseguranças? claro. Sempre fui a cool do grupo, a divertida e indispensável das festas. Procurei ser mais do que o meu corpo, tal como todos devemos ser, mas sei que sou escrava da imagem que não quero voltar a ter.

É altamente limitante viver em prol de um trauma, foi quase como se tivesse escapado de uma guerra e ter medo de para lá voltar.

Porque escrevo isto? Porque quero passar-te a certeza de que não sabes absolutamente nada de quem está do outro lado de um ecrã, porque os teus problemas também podem ser os do outro e porque quero dizer-te a ti e a MIM TAMBÉM que um corpo é só um corpo e tu vales muito mais por aquilo que és e fazes, por ti e pelos outros.

Dirias que este é um corpo disfarçado de complexos e problemas de expressão?

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