Caiu em desuso o amor.
Dá trabalho, ocupa-nos tempo, espaço e não estamos disponíveis, preferimos dedicá-lo a coisas mais voláteis, afinal há sempre tanto a acontecer, tanto para fazer.
Já não se usa o amor: O conhecer, adaptar, descobrir. Queremos “peças chave-na-mão, como se fôssemos todos viaturas a 0km/h. Fazem-se test-drive’s e ao fim de alguns dias devolvemos, tudo o que queríamos era encontrar defeitos para não nos afeiçoarmos.
Idealmente, nos tempos que correm, poderíamos ser criados por Inteligência Artificial: “Um bocadinho mais de ousadia, mais tempo disponível quando me apetecer, excluir alguns amigos, excluir as tuas vontades, apagar todo o sentir, mais sexo, mais prazer, MUITO virtual, menos presença, muito eu, pouco tu, quando EU quiser seremos NÓS. Salteamos tudo, procuramos no algoritmo por um corpo esbelto, brindamos sem álcool…. engorda, incha e deforma, temperamos(-te) e adocicamos(-te), agora mantém-te assim e lembra-te… se aqui não estiver bom e sempre com algum toque de novidade, faço swipe e ali ao lado é que vai ser.”
Que triste, caiu em desuso amar.